Denúncia trata da compra de um terreno em um condomínio de Curitiba, em 2012; caso envolve esquema de propina em contratos de pedágio, conforme o MPF.
A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), um dos filhos dele, André Richa, e o contador da família, Dirceu Pupo, por lavagem de dinheiro na compra de um terreno em um condomínio de Curitiba, em 2012.
Esta é a segunda denúncia contra Beto Richa apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) envolvendo um esquema de propina em contratos de pedágio. A primeira tratava dos crimes de corrupção passiva e pertencimento a organização criminosa.
Beto e Pupo foram presos preventivamente - por tempo indeterminado - na sexta-feira (25), na deflagração da 58ª fase da Operação Lava Jato. O juiz justificou a prisão alegando que Richa e o contador da família tentaram influenciar os depoimentos de testemunhas da investigação.
Os procuradores afirmam, na segunda denúncia contra o ex-governador, que um dos destinos de parte da corrupção recebida por ele era a incorporação do dinheiro, de forma dissimulada, ao patrimônio de familiares com atos de lavagem de dinheiro na aquisição de imóveis em nome da Ocaporã Administradora de Bens.
A empresa pertence formalmente à ex-primeira dama Fernanda Richa e a dois filhos do ex-governador, André e Marcello Richa. Dirceu Pupo atuava como administrador, conforme o MPF.
Segundo os procuradores, no primeiro depoimento prestado por André, ele disse que a principal pessoa da família com quem o contador trataria sobre decisões estratégicas de compra e venda de imóveis seria com o pai dele - embora Beto não esteja no quadro societário da Ocaporã.
De acordo com o MPF, o gerente comercial de uma empresa que vendeu um terreno em Curitiba para a família Richa contou em depoimento que parte do pagamento foi em dinheiro vivo.
Segundo ele, ficou acordado que o negócio seria fechado mediante pagamento de dois lotes e entrega de mais R$ 930 mil em espécie por André.
Também em depoimento, o dono da incorporadora de imóveis confirmou que recebeu os valores em espécie de Dirceu Pupo, no escritório da empresa, e que o dinheiro estava em uma caixa de papelão, conforme os procuradores.
O empresário apresentou aos investigadores uma planilha criada na época da transação, que mostra os valores envolvidos no negócio.
De acordo com ele, o registro "Receita Out" indica os pagamentos feitos por fora. Ao lado, há uma anotação: "R$ 930 mil Richa". (Do G1 e RPC)